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Do luto à luta

Depois do luto, a luta. O Dia de Finados é a época de lembrar-se daqueles que se foram, o que pode deixar muitas pessoas tristes por reviver o luto pelos que se foram. Mas,  para reagir, é preciso dar o primeiro passo.

No filme “Um Corpo que Cai” (1958), dirigido por ninguém menos que Alfred Hitchcock, vemos o protagonista Scottie (James Stewart) caminhar pelas ruas de São Francisco como um zumbi, por não aceitar a morte da bela aristocrática Madeleine (Kim Novak). 

O detive não se conforma com a morte de sua amada e acaba projetando sua imagem em outra mulher, a morena Judy, que é interpretada pela mesma atriz. Judy trabalha como balconista de uma loja de departamentos, mas Madeleine é o protótipo da loira e vivia como uma madame.

A partir de então, a trama vira um jogo de revelações e de enganos. Contudo, se Scottie tivesse buscado ajuda de um profissional de saúde mental teria descoberto que sua fixação na amada falecida surgiu por conta de seu estado de luto. Esse diagnóstico é o mesmo de Dona Guigui (Odete Lara) em “Boca de Ouro”, de Nelson Pereira dos Santos, e do casal de protagonistas de “O Quarto do Filho” (2001), do italiano Nanni Moretti.

Na vida real, nem sempre as pessoas lidam com luto da melhor forma possível. Entre 2007 e 2018, o diretor Cristiano Burlan filmou a “Trilogia do Luto”, com intenção de exorcizar a perda traumática da mãe, do pai e do irmão, assim surgiram os filmes: “Construção” (2007), “Mataram Meu Irmão” (2013) e “Elegia de Um Crime” (2018).

Ao fundo temos uma família feliz, e a descrição de cada um dos Benefícios sociais, e a quantidade de conveniados.

Mesmo não sendo exatamente uma doença, o luto pode ocasionar uma série de transtornos pessoais, prolongando o sofrimento do indivíduo de forma desnecessária e deixando o corpo e a mente mais vulneráveis para quadros clínicos realmente graves. 

O que é o luto na visão de um profissional de saúde mental?

De acordo com a psicóloga Sandra Haerter Armoa, professora e coordenadora de pesquisas da Unigran, o luto são perdas que causam alterações na vida das pessoas e que podem acarretar prejuízos e alterações nos funcionamentos emocionais e cognitivos.

O funcionamento cognitivo tem a ver com a atenção, percepção, memória, linguagem e outras particularidades humanas que nos permitem comunicar e agir com desenvoltura dentro de determinados padrões sociais.

A perda e o luto

A psicóloga Sandra Haerter Armoa afirma também que o luto está associado exclusivamente à morte de alguém, e não a outras perdas. Já o psiquiatra britânico John Bowlby (1907-1990) disse que o luto é um processo natural que ocorre em reação ao rompimento de algum vínculo, que pode está associado a outros fatores, tais como: o afastamento de ambientes de rotina habitual como escola, vida social, trabalho, dentre outros.

O luto pode aparecer em desilusões amorosas ou na morte de um bicho de estimação. De acordo com especialistas, os animais podem ter o sentimento de luto quando perdem o contato com seus donos. Sandra afirma ainda que o luto é uma resposta saudável a um fator estressante que é a perda de alguém importante.

Quando se fala em resposta saudável, ela está se referindo a capacidade humana de expressar dor. Sandra é professora de neurociência e psicologia experimental e sua atuação é voltada para avaliação psicológica, terapia cognitiva comportamental, prevenção e promoção da saúde. De acordo com ela, o luto é algo normal, podendo se tornar algo negativo apenas quando a pessoa não possuir recursos para lidar com o período.

Um processo inevitável

O luto é um processo pelo qual todas as pessoas passam em algum período da vida e trata-se de um momento de elaboração da perda que pode ocasionar dor e sofrimento. Durante o período de luto, podem surgir muitos sentimentos e mudanças de humor que podem interferir no funcionamento emocional de uma pessoa.

No período de pandemia ocorreram muitas mortes e, portanto, muitos lutos. As perdas repentinas podem trazer ainda mais dificuldades quando se refere ao emocional de uma pessoa, pois fica mais difícil de digerir as informações e entender os sentimentos.

As perdas repentinas podem deixar a pessoa incapaz de ressignificar o sentido da vida sem aquele que se foi e o indivíduo pode desenvolver um funcionamento disfuncional como resposta à perda, resultando em um “luto complicado”.

Quando a pessoa não consegue sair do período de luto, ela poderá entrar e permanecer no chamado “luto complicado”. Isso ocorre, normalmente, quando a pessoa não possui recursos os psicológicos para enfrentar de forma saudável o processo de luto.

Nesse caso, é importante poder contar com a ajuda pessoal, terapêutica e espiritual para coseguir seguir a vida normalmente.

Um dia de cada vez

No fim dos anos 1960, a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004), lançou um estudo propondo a descrição do luto em cinco fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 

A edição brasileira mais recente é de 2017, com tradução de Paulo Menezes, lançada pela Editora WMF Martins Fontes.

Ao fundo temos uma família feliz, e a descrição de cada um dos Benefícios sociais, e a quantidade de conveniados.

“O enlutado encontra-se em um estado frágil, vulnerável e desorganizado, tanto em níveis cognitivos como fisiológicos, motores e comportamentais”, pontua a psicóloga.

“As alterações são fatores que podem dificultar o bom andamento do tratamento, prejudicando o funcionamento da terapia e sua meta principal, que é servir como uma facilitadora no processo de readaptação do indivíduo”, Elisabeth detalha.

Um dos lançamentos recentes que abordam o tema é “Sobre Viver o Luto” (Editora Astral Cultural, 224 páginas, R$ 44,90, tradução de Cláudia Mello), da norte-americana Shelby Forsythia. 

A autora perdeu a mãe em 2013 e, desde então, vem se aprofundando no assunto por meio de publicações e de podcasts. 

Seu novo livro tem a forma de um diário, com um pequeno texto sobre cada dia dos 12 meses do ano, em que Forsythia oferece desde lembretes, meditações e dicas práticas a pensamentos.

A maioria das mensagens são dela, mas também há de alguns autores famosos, abordando temas relacionado ao luto de cunho filosófico e existencial que podem proporcionar novos olhares e, o mais importante, conforto durante o enfrentamento.

O luto não é um vício nem um obstáculo a ser superado, mas um processo que necessita de vivência para que a pessoa possa integrá-lo à própria realidade, fazendo com que a dor da perda possa se transformar, finalmente, em memória.

E o Dia de Finados, ensina Sandra Armoa, é um dia de saudade, não de luto. Portanto, para se superar o luto, o primeiro passo é ir a luta e enfrentar esse sentimento, vivendo cada emoção que ele proporciona.

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